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Imagem: Jean-Baptiste Debret.

Base John Monteiro

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ANDRELLO, Geraldo. Cidade do Índio: transformações e cotidiano em Iauaretê. São Paulo: Editora Unesp; Instituto Socioambiental; NuTI, 2006, 447p . . Estudo tão instigante quanto inovador, Cidade do Índio apresenta uma história e uma etnografia de uma “cidade indígena” no noroeste da Amazônia. De complexa feição pluriétnica (Tukano, Arapasso, Desana, Tariano, Pira-Tapuia e outros), Iauaretê propõe um desafio teórico para a tradição etnográfica focada geralmente num povo e numa aldeia. Como parte deste desafio, o autor realiza uma leitura diferenciada de fontes históricas, analisadas à luz dos materiais etnográficos coletados em campo (na cidade). Mas o autor também considera o “tom histórico” das narrativas indígenas, que pautam suas avaliações de situações atuais à luz de uma referência ao modo de vida dos antigos. Mais do que isso, segundo o autor, “os sentidos atribuídos pelos índios às transformações contemporâneas relacionam-se nitidamente a uma longa história de contato com a chamada sociedade nacional” (p. 18). De especial interesse para a história indígena é o capítulo 2, que realiza uma admirável síntese de vários séculos de história . (John Monteiro).
APOLINÁRIO, Juciene Ricarte. Os Akroá e Outros Povos Indígenas nas Fronteiras do Sertão: políticas indígena e indigenista no norte da Capitania de Goiás, atual Estado do Tocantins, século XVIII. Goiânia: Editora Kelps, 2006, 276p . . Fruto de uma tese de doutorado defendida na UFPE, o livro abarca a atribulada história dos povos indígenas que, no século XVIII, enfrentaram o avanço da presença colonial na região do rio Tocantíns. A autora traz inúmeros aportes documentais que permitem elucidar o protagonismo de homens e mulheres Akroá, Karajá e Xakriabá (entre outros) nos embates violentos, na negociação de acordos de paz e na constituição de um espaço colonial para os índios. É de grande interesse a utilização de textos e depoimentos de obscuros estadistas, de sertanistas semi-analfabetos e de outros personagens que ilustram o encontro nem sempre feliz entre a política indigenista de Lisboa e as práticas locais do sertão. O livro inclui mapas ilustrados, com destaque para um manuscrito da Biblioteca Pública de Évora que mostra representações pictóricas de índios e aldeias . (John Monteiro).
CALAVIA SÁEZ, Oscar. O Nome e o Tempo dos Yaminawa: etnologia e história dos Yaminawa do rio Acre. São Paulo: Editora Unesp; Instituto Socioambiental; NuTI, 2006, 479p . . Estruturado em três partes, este livro oferece uma abordagem inovadora da história indígena, com foco num grupo de língua pano que veio a ser chamado de Yaminawa. A primeira parte apresenta uma etnografia do grupo, cuja “função essencial é definir o sujeito da história descrito nos capítulos seguintes, sua estrutura interna e as fronteiras do grupo”. O autor descreve a segunda parte como “uma tentativa de crônica”, lançando mão de fontes históricas, etnografias antigas (com destaque para Capistrano de Abreu e Constant Tastevin), etnografias recentes, relatos orais e cantos indígenas. Esta parte enfoca de maneira instigante a história dos índios como um campo em disputa, inclusive tecendo uma crítica à reiteração de uma história de perdas, que se contrasta com uma abordagem que entende a história como parte de um processo constante de produção da cultura e da identidade. Esta parte encerra com uma análise fascinante dos mitos que tematizam o Inca, servindo de ponte para a terceira e última seção, que apresenta uma rica análise da mitologia dos Yaminawa, oferecendo ainda a transcrição de 70 relatos míticos em anexo . (John Monteiro).
CHAMORRO, Graciela. Kurusu Ñe’ëngatu: Palabras que la historia no podría olvidar. 251p Assunção: Centro de Estudios Antropológicos de la Universidad Católica; São Leopoldo: COMIN, 1995. . Biblioteca Paraguaya de Antropología 25. Trata-se, segundo a autora, de uma etnohistória dos Guarani que busca identificar o impacto da catequese jesuítica sobre as palavras sagradas e, ao mesmo tempo, aferir "a resistência que o grupo foi capaz de efetuar no campo linguístico". A pesquisa, realizada entre os Kaiowá de Panambizinho-MS, coteja cantos e narrativas ligadas às festas do milho novo (avatikyry) e das crianças (kunumi pepy) com textos catequéticos do período das missões. No final, a autora apresenta uma boa discussão do problema da historicidade guarani . (John Monteiro).
CHAMORRO, Graciela. Terra Madura Yvy Araguyje: fundamento da palavra guarani. Dourados: Editora UFGD, 2008, 368p . . Dedicado aos acadêmicos e acadêmicas guarani e kaiowá da Universidade Federal da Grande Dourados, o livro apresenta um amplo painel interpretativo da religião e religiosidade guarani. Afirma que os grupos guarani “não podem ser tomados como exemplo de um ‘cristianismo ameríndio’, mas sim contados entre as populações aborígines que mantêm uma relação marginal, embora cordial, com o cristianismo”. Para tanto, a autora conta com uma densa pesquisa documental, uma interlocução com narradores guarani e com sua própria experiência com a espiritualidade guarani ao longo dos anos . (John Monteiro).
COSTA, Anna Maria Ribeiro F. Moreira da. Wanintesu: um construtor do mundo Nambiquara. Recife: Editora Universitária UFPE, 2010, 612p . . Coleção Teses e Dissertações.Fruto de uma longa convivência e pesquisa em áreas indígenas, o livro aborda a história recente dos grupos Nambiquara que vivem na Chapada dos Parecis no Mato Grosso. Focado na figura do wanintesu (pajé), o estudo busca “perceber o conjunto de representações que os índios tecem sobre seu próprio passado”. Além das fontes orais, a autora também lança mão de um amplo repertório de mapas, documentos e de informações históricas e etnográficas de vários estudiosos, de Rondon e Roquette-Pinto a David Price, passando por Lévi-Strauss, Kalervo Oberg e Desidério Aytai. Inclui um glossário de termos nambiquara e um caderno de imagens com desenhos feitos por índios . (John Monteiro).
DUTRA, Carlos Alberto dos Santos. Ofaié: morte e vida de um povo. Campo Grande: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, 1996, 339p . . Produto de um levantamento etno-histórico feito pelo autor em meados dos anos 80 para o CIMI com o intuito de iniciar o processo de identificação de uma área indígena Ofaié Xavante, o livro costura textos do autor, depoimentos de lideranças indígenas, entrevistas e documentos históricos referentes aos Ofaié, grupo hoje radicado no município de Brasilândia MS. Apesar do caráter descontínuo do livro, o volume traz uma grande quantidade de informações históricas sobre os Ofaíé, oferecendo um amplo painel da luta desse povo contra as agressões de sertanistas e fazendeiros, contra a doença e a miséria, contra o descaso das autoridades republicanas. A Parte V reproduz uma série importante de documentos produzidos durante a gestão do SPI . (John Monteiro).
FERREIRA, Mariana Kawall Leal. Histórias do Xingu. São Paulo: Núcleo de História Indígena e do Indigenismo, 1993, 239p . . A autora reúne e comenta numa excelente introdução várias narrativas de índios de diferentes grupos étnicos residentes no Parque Indígena do Xingu. Além de versões de mitos que se entrelaçam com memórias históricas, são de particular interesse as reconstituições das origens do contato e do estabelecimento do Parque . (John Monteiro).
GARCIA, Wilson Galhego - org. Nhande Rembypy - Nossas Origens. São Paulo: Editora da Unesp, 2003, 770p . . Fruto subsidiário de uma pesquisa sobre o universo botânico dos Kaiowá, este livro reúne um grande número de cânticos, narrativas e depoimentos de índios enfocando sobretudo o tema da origem dos Kaiowá e de suas práticas culturais. Apesar de um índice temático abrangente, o livro é difícil de manusear e de apreciar. Há informações e perspectivas interessantes sobre a história dos Kaiowá, porém o organizador não deixa claro quem são os narradores, que ficam diluídos numa categoria geral de “informantes”. Ainda assim, conforme salienta Sílvia Carvalho na orelha do livro, a obra tem uma escala monumental que reflete a longa experiência do organizador entre os índios e, ademais, através da colaboração do tradutor Kaiowá Aniceto Ribeiro, a edição bilíngue contribui para colocar um material ao alcance de estudantes indígenas . (John Monteiro).
GAUDITANO, Rosa - org. Aldeias Guarani Mbya na Cidade de São Paulo/Nhandekuery mbya rekoa São Paulo tetã mbyte re. São Paulo: Studio RG e Associação Guarani Tenonde Porã, 2006, 79p . . Edição trilíngue português-guarani-inglês. Este livro acompanhou a exposição realizada na Caixa Cultural em 2006. Traz depoimentos de lideranças indígenas que relatam as origens das quatro aldeias mbyá existentes no município de São Paulo. De especial interesse é o depoimento do cacique Vera Popygua, de Tenonde Porã (Morro da Saudade), que oferece uma reinterpretação da presença histórica dos Guarani em terras paulistas. Além das belíssimas fotos feitas por Rosa Gauditano, o livro também inclui desenhos realizados por moradores destas aldeias . (John Monteiro).